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20 Anos Depois: Por Que Eduardo Allax Deixou o Grêmio de Mano Menezes?
Por Redação Sou Imortal em 29/06/2025 06:12
Vinte anos atrás, durante a fase inicial da primeira gestão de Mano Menezes à frente do Grêmio, o cenário do futebol gaúcho foi palco de um acontecimento verdadeiramente singular. O goleiro Eduardo Allax, pressionado pelas severas manifestações da torcida, tomou a decisão drástica de rescindir seu contrato com o clube. Um gesto raro e contundente que ecoa na memória tricolor.
Este desfecho, que chocou a comunidade esportiva, foi amplamente divulgado pelo periódico Zero Hora em 9 de maio de 2005. Aquele marcante dia era uma segunda-feira, sucedendo diretamente o revés de 2 a 0 para o Ituano, ocorrido no sábado anterior, pela terceira rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. A despedida de Eduardo, em sua 15ª e derradeira partida defendendo as cores do Grêmio , se deu no Estádio Beira-Rio, sob o silêncio dos portões fechados, uma consequência da punição imposta ao clube por incidentes de invasão de campo, que o impediam de atuar em seu habitual Estádio Olímpico.
O Peso da Camisa Tricolor: Pressão e Abandono
Naquele período conturbado, a massa tricolor manifestava veementes objeções a Eduardo, atribuindo-lhe falhas em suas performances. A insatisfação atingia patamares tão elevados que, conforme relatos da imprensa da época, a predileção dos aficionados gremistas recaía sobre Márcio, o goleiro que havia integrado a equipe na campanha do rebaixamento no ano anterior. O então diretor de futebol do Grêmio , Mário Sérgio, em pronunciamento ao jornal, expressou a dimensão do sofrimento do atleta: "Ele disse que sua família estava sofrendo, principalmente o seu filho de sete anos na escola. Não existe super-homem."
A situação familiar era crítica, com uma reportagem do Estadão revelando que a esposa de Eduardo havia sido alvo de ofensas nas arquibancadas do Olímpico, poucos dias antes, em 4 de maio, durante a derrota gremista para o Fluminense por 1 a 0, em confronto válido pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Para selar sua partida de Porto Alegre, Eduardo Allax, segundo o Zero Hora, renunciou a uma remuneração mensal de R$ 30 mil.
A Perspectiva do Goleiro: Entre o Pessoal e o Profissional
Em um depoimento posterior ao ge, Eduardo Allax refletiu sobre aquele momento crucial: "Eu conversei com o Mano Menezes e expliquei que o melhor para o Grêmio seria que eu saísse. Eu vinha de quatro meses sem jogar, em função de uma punição do STJD por causa de uma briga no final do Campeonato Mineiro. Não estava bem fisicamente e não rolou o clima com a torcida. O Mano é meu amigo até hoje e me parabenizou pela coragem." Sua fala revela a complexidade da decisão, que envolvia não apenas a pressão externa, mas também sua própria condição física e um ambiente que não se mostrava favorável.
O Grêmio Pós-Allax: O Surgimento de Lendas
Curiosamente, Márcio, o goleiro preferido pelos torcedores, não desfrutava da mesma confiança do técnico Mano Menezes. Desde 25 de abril, ele havia sido afastado, com a justificativa de deficiência técnica, e mantinha um regime de treinos à parte. O vácuo deixado pela saída de Allax e a situação de Márcio abriu caminho para um jovem talento da base: Rodrigo Galatto. Foi ele quem ascendeu à titularidade e, ao término daquela memorável temporada, eternizou seu nome como o protagonista da célebre Batalha dos Aflitos. Sua defesa de pênalti, somada ao gol decisivo de Anderson, selou o retorno do Grêmio à elite do futebol nacional.
Vale ressaltar que Marcelo Grohe, um futuro ícone do Tricolor, campeão da Copa do Brasil e da Libertadores, já integrava o elenco naquele ano. Aquele período, marcado por adversidades, serviu como um cadinho para forjar a resiliência e a ascensão de figuras que se tornariam lendárias na história gremista.
A Trajetória de Eduardo Allax Após o Imortal
Carioca de nascimento, Eduardo Allax havia chegado ao Grêmio no início daquela temporada, vindo do Atlético-MG. Após sua controversa saída do Imortal, ele rapidamente encontrou um novo destino, assinando com o Brasiliense para disputar a Série A. Refletindo sobre o panorama daquele ano, Allax recorda: "Eu vi surgir o Anderson, que estreou contra o Caxias, em uma vitória e uma boa atuação nossa, mas o ano foi de um contexto muito difícil para o Grêmio . No início do ano, o treinador era o Hugo de León, que acabou não permanecendo. Depois veio o Mano e aí sim o time engrenou. O time não tinha muito poder aquisitivo." Essa perspectiva contextualiza as dificuldades enfrentadas pela equipe na ocasião.
A trajetória profissional do goleiro, após o Grêmio , foi extensa, passando por clubes como Portuguesa-RJ, Anápolis, Bangu, América-RJ, Náutico, Ceará, Resende e Figueirense. Foi neste último que ele encerrou sua carreira, em 2011, aos 33 anos, devido a uma condição cardíaca. Após um período como treinador e até mesmo um anúncio de afastamento definitivo do universo do futebol no ano passado, o ex-goleiro surpreendeu ao assumir, em abril deste ano, a posição de executivo no Bangu. Atualmente, ele supervisiona os departamentos profissional, de base e até mesmo de futsal do clube carioca, demonstrando sua persistência e paixão pelo esporte.
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