1. Sou Imortal

Eleição Grêmio: Sérgio Canozzi Detalha Propostas para Arena, SAF e Futebol Tricolor

Por Redação Sou Imortal em 02/07/2025 21:41

O cenário político do Grêmio ganha contornos mais definidos à medida que a corrida pela presidência para o triênio 2026/28 avança. No centro das discussões, o empresário Sérgio Canozzi, um dos pré-candidatos, apresentou suas visões para o futuro do clube em uma recente entrevista. Suas propostas abrangem desde a reestruturação financeira com a adoção de um modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) até a gestão estratégica dos ativos imobiliários, como a Arena e o antigo Estádio Olímpico.

O Futuro do Grêmio: SAF como Pilar Estratégico

A discussão sobre a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) é um dos pontos centrais da plataforma de Sérgio Canozzi. O pré-candidato defende a implementação desse modelo como um caminho inadiável para a saúde financeira e a modernização do Grêmio . Em sua análise, o custo do capital para um clube associativo é substancialmente maior do que para uma SAF, que possui mecanismos mais ágeis e eficientes de captação de recursos.

Canozzi argumenta que uma SAF tem a capacidade de estabelecer parcerias estratégicas, registrar-se na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), criar fundos de investimento e até mesmo formalizar colaborações financeiras com atletas ? ferramentas que, segundo ele, são inacessíveis ou excessivamente onerosas para a estrutura atual do clube. A inspiração para seu modelo reside no exemplo do Fortaleza, onde a SAF é controlada pelo próprio clube, garantindo a preservação da identidade e dos interesses da instituição.

"O dinheiro que um clube toma, ele custa o dobro do que um dinheiro que uma SAF toma. A SAF pode fazer parcerias, pode se registrar na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), pode fazer fundo, pode fazer parceria com o jogador. O clube não consegue fazer isso, a não ser com valores muito maiores de custo."

O desafio, conforme Canozzi, reside no convencimento do Conselho Deliberativo. Ele propõe um diálogo aprofundado, embasado em dados e projeções financeiras, com o suporte de consultorias de alto nível. A transição, em sua visão, seria uma migração de um modelo associativo para uma SAF de mercado, focada em eficiência e novas fontes de receita.

Arena e Olímpico: Uma Visão para Dois Patrimônios

A complexa relação do Grêmio com a Arena e o destino do Estádio Olímpico são temas que exigem uma abordagem estratégica, e Canozzi apresentou um plano ambicioso para ambos os patrimônios. Sua proposta central para o terreno do Olímpico é a construção de um novo estádio multiuso, ou "arena", com capacidade entre 38 mil e 40 mil lugares, concebido para ser viável financeiramente através da realização de shows e eventos, além do futebol.

A inspiração arquitetônica e de viabilidade vem da Arena do Athletico Paranaense, em Curitiba, localizada em uma área urbana com características semelhantes à Azenha em Porto Alegre. O projeto do Olímpico, segundo Canozzi, também resgataria a sede social, piscinas e áreas de convivência, elementos que fortaleceriam o vínculo social do clube.

"Eu advogo que se possa ali fazer (no terreno do Olímpico) um estádio multiuso, uma arena, não vou chamar nem estádio, porque ela vai se viabilizar só com shows, com 38 mil ou 40 mil lugares. E o exemplo é muito claro, é só ir ali a Curitiba e ver a Arena do Athletico. Estou falando no modelo arquitetônico feito por eles lá, numa zona semelhante ao que é a Azenha em Porto Alegre."

A viabilidade financeira seria garantida por uma permuta com incorporadoras, aproveitando o plano diretor municipal. Enquanto o novo Olímpico não estivesse pronto, o Grêmio continuaria utilizando a Arena atual. Sobre a compra da Arena, Canozzi adota uma postura pragmática: a aquisição só seria considerada se houvesse rentabilidade comprovada, desvinculada dos atuais valores que o Grêmio desembolsa, que ele considera "estratosféricos". A possibilidade de o Grêmio operar dois estádios ? um focado em eventos e o outro no futebol ? é algo a ser avaliado, caso a rentabilidade seja demonstrada.

Futebol Masculino: Gestão Profissional e Orçamento Consciente

A performance do futebol masculino, especialmente os desafios recentes na Série A, é um ponto de crítica contundente na visão de Canozzi. Ele defende uma gestão "absolutamente profissional", pautada por planejamento rigoroso e investimentos compatíveis com a real capacidade financeira do clube. A ideia é erradicar a prática de contratações emergenciais e dispendiosas, motivadas pelo desespero ou pressão da torcida.

"Vamos procurar fazer uma gestão absolutamente profissional. Não tem essa história de trazer um zagueiro por R$ 26 milhões porque está desesperado e precisa de um zagueiro no dia seguinte. Não. A partir do planejamento, tu vais para a ação. Então, se tu tens um fluxo de caixa compatível, com R$ 10 milhões, tu vais trabalhar com R$ 10 milhões. Eu não vou sair correndo atrás de jogador para atender a torcida, porque o negócio está indo mal. Não, o clube vai ir bem."

Canozzi expressa indignação com os gastos atuais do Grêmio com a folha de pagamento, estimados entre R$ 17 milhões e R$ 18 milhões, enquanto a equipe luta para evitar o rebaixamento. Para ele, essa é uma evidência de "má gestão" e falta de planejamento. O foco deve ser a sustentabilidade, garantindo que o clube opere dentro de suas possibilidades financeiras, sem comprometer seu futuro por decisões impulsivas.

Valorização do Futebol Feminino e Categorias de Base

A situação do futebol feminino no Grêmio é motivo de profunda tristeza para Canozzi, que lamenta a falta de recursos e a ausência de informações claras sobre o setor. Ele atribui essa negligência à má gestão geral do clube, que prioriza o futebol masculino ? muitas vezes com resultados questionáveis ? em detrimento das "Gurias Gremistas".

"Fiquei até triste outro dia quando vi que as gurias estavam quase caindo. Isso me deixou realmente muito triste. Sabe o que acontece? A economia é a política que define os recursos limitados para necessidades ilimitadas. Então, você tem que fazer opções. O sujeito tem que avaliar quanto ele vai comprar de pão, quanto ele vai comprar de leite, quanto ele vai gastar em roupa para os filhos, porque senão falta dinheiro no final do mês."

O pré-candidato enfatiza a necessidade de valorizar o futebol feminino, buscando patrocínios específicos e investindo mais na modalidade. Ele acredita na existência de grandes empresas interessadas em apoiar o Grêmio Feminino, mas que o clube falha em explorar esse potencial. A proposta inclui a nomeação de um gestor exclusivo para o futebol feminino, preferencialmente uma ex-jogadora, que estabeleceria métricas e objetivos claros, como a conquista de campeonatos regionais e nacionais.

No que tange às categorias de base, Canozzi defende a alma gremista que emana de seus jovens talentos. Para ele, é inaceitável que um clube com a tradição formadora do Grêmio não tenha pelo menos três ou quatro jogadores da base no time titular profissional. Ele cita o modelo do Felipão de 1995 como inspiração, onde a espinha dorsal da equipe era composta por jogadores formados no clube, como Arilson e Carlos Miguel.

"O meu time ideal é de 4-3-3 reversível para 4-4-2, modelo Felipão 1995, com Arilson e Carlos Miguel. E eu acho que um time com uma divisão de base como a nossa, não pode nunca não ter três ou quatro jogadores da base no plantel profissional. No time titular. Agora, por exemplo, o Felipão deve estar subindo sete. Então nós vamos ter ali 10 ou 11."

A presença constante de atletas formados em casa é vista como essencial para infundir identidade e paixão no elenco principal, complementando-o com contratações estratégicas para posições chave como goleiro, zagueiro, meio-campista e centroavante.

Profissionalização do Conselho Deliberativo

A governança do Grêmio também está na mira de Sérgio Canozzi, que manifesta uma visão crítica sobre a composição atual do Conselho Deliberativo. Para ele, a política é a arte do diálogo e da busca por consensos, mas muitos dos atuais conselheiros estariam "desgovernados" ou não possuiriam as qualificações necessárias para a função.

O movimento Pró-Grêmio, do qual Canozzi faz parte, sob a liderança de José Fortunati, ex-prefeito de Porto Alegre, adotou uma postura rigorosa: não apoiará candidatos ao conselho que não possuam um currículo "não desabonador". Essa exigência, embora possa soar elitista para alguns, visa elevar o nível de profissionalismo e competência dentro do órgão deliberativo do clube.

"Política é a arte da conversa. Política é a arte de buscar o entendimento. E eu acho que muitos do que ali estão hoje estão desgovernados em relação a coisas, até eu diria a vocês, porque tem muitos que não deveriam ser conselheiros. Eu não posso julgar as pessoas, mas eu julgando a nível macro, muita gente ali que não deveria ser conselheiro, porque não tem condições de ser conselheiro do grupo."

A premissa é que, assim como um profissional cuida de seu consultório ou empresa, um conselheiro deve ter a capacidade e a responsabilidade de contribuir efetivamente para o Grêmio . A busca é por indivíduos com histórico comprovado de competência e ética, capazes de tomar decisões complexas e estratégicas para o futuro do Tricolor.

A Controvérsia da Candidatura de Canozzi

Apesar de suas propostas detalhadas e ambiciosas, a própria elegibilidade de Sérgio Canozzi para a presidência do Grêmio se tornou um ponto de disputa. Para concorrer ao pleito, é exigido um mínimo de dez anos de contribuição como sócio, requisito que a atual administração do clube não confirma que o empresário cumpra integralmente. Essa divergência lançou uma sombra de incerteza sobre sua participação na eleição.

Em resposta, Canozzi, que reside em Santa Catarina, buscou amparo legal na Justiça do estado vizinho para comprovar seu vínculo associativo. Ele alega que a situação é fruto de uma "perseguição política", motivada pelo temor da atual gestão de seu potencial e conhecimento sobre o Grêmio .

"Sou sócio do Grêmio há 21 anos, esse título está em dia. Houve um problema do ponto de vista formal de registro dele, por conta de uma decisão administrativa. E eles sabem do meu potencial verbal, da minha capacidade, do meu conhecimento de Grêmio. Sinceramente, (a gestão) tem medo de mim."

A resolução dessa questão jurídica é aguardada nos próximos dias e será determinante para o futuro de sua pré-candidatura. Caso seja impedido de concorrer, Canozzi já sinalizou seu apoio a outros nomes na disputa, como Gladimir Chiele ou Denis Abrahão, indicando que seu desejo é ver suas ideias ecoarem, independentemente de quem as lidere formalmente.

Curtiu esse post?

Participe e suba no rank de membros

Comentários:
Recentes:
Igor

Igor

Nível:

Rank:

Comentado em 02/07/2025 23:51 Que venha gestão profissional e respeito ao Grêmio, vamos firmes!
Ranking Membros em destaque
Rank Nome pontos