Grêmio 2026: Base para o Futuro? Especialistas Analisam o Elenco Tricolor

A recente ascensão do Grêmio no Campeonato Brasileiro, impulsionada por uma sequência positiva de nove rodadas desde o Gre-Nal 448, reacendeu o entusiasmo da torcida. As aquisições da última janela de transferências foram cruciais para essa recuperação, afastando o time da zona de risco e alimentando expectativas para os próximos anos. Com o ano se aproximando do fim e uma transição presidencial no horizonte, a questão que ecoa nos corredores do clube e entre os torcedores é: o Grêmio já possui uma espinha dorsal para a temporada de 2026?

Essa indagação crucial foi tema de debate entre renomados comentaristas, que oferecem visões distintas sobre a estrutura atual e os requisitos para consolidar uma equipe competitiva. As opiniões variam desde a cautela sobre a durabilidade da base até o reconhecimento de um caminho promissor, embora com lacunas evidentes.

O Desafio da Longevidade: Visões dos Comentaristas

Para Diogo Olivier, comentarista da RBS TV e da Rádio Gaúcha, o Grêmio dispõe de um ponto de partida para 2026, mas a sustentabilidade dessa base é incerta. "O Grêmio tem uma base para iniciar 2026, mas não sei se tem base para terminar", pondera Olivier. Ele expressa dúvidas sobre o desempenho de jogadores como Marcos Rocha e Willian na reta final da próxima temporada, e salienta que o vínculo de Arthur, por exemplo, se estende apenas até meados do ano. A flutuação no rendimento desses atletas, segundo ele, pode comprometer a estabilidade do elenco.

Olivier ainda aponta carências específicas: a ausência de um substituto para Marcos Rocha, a necessidade de adquirir Marlon em definitivo, a busca por mais um zagueiro devido à instabilidade de Kannemann, e a urgência de um armador. "É difícil imaginar um time que tem Edenilson como articulador disputando com Palmeiras e Flamengo", critica, reforçando a carência no setor criativo.

Mauricio Saraiva, também comentarista da RBS TV e da Rádio Gaúcha, compartilha da preocupação com a permanência de Arthur. Ele estima que o Grêmio possui uma base de quatro a cinco jogadores, mas ressalta que o pilar central dessa estrutura, Arthur, pode não permanecer após a janela europeia de meio de ano. "O Grêmio não tem nenhuma garantia de contar com Arthur além da janela europeia de meio do ano", afirma Saraiva, destacando o desafio imenso que o próximo presidente terá para manter a competitividade.

A Evolução e as Peças Fundamentais: Outras Perspectivas

Rodrigo Coutinho, comentarista do SporTV, adota uma visão mais matizada. Para ele, ainda não se pode falar em uma "base de time" consolidada, mas sim em uma melhoria significativa do elenco . A chegada de jogadores cruciais foi o principal catalisador para a transformação da equipe, complementada pelo trabalho do técnico Mano Menezes, que otimizou o desempenho coletivo. Coutinho enfatiza que todos os setores foram reforçados com atletas experientes e qualificados, embora Willian, por exemplo, não tenha tido muitas oportunidades devido a lesões.

O comentarista reconhece avanços nas laterais, com o acréscimo positivo do Amuzu e a melhora, ainda que irregular, de Pavon. Contudo, ele insiste que a base ainda está em formação. "O pontapé inicial foi dado. O caminho é esse nível de jogador, não só na parte técnica, mas também em experiência, em vivência no futebol", conclui, sublinhando a importância de jogadores rodados para um time que era considerado "muito cru" até a metade do ano.

Sérgio Xavier Filho, também do SporTV, oferece uma perspectiva mais otimista, identificando uma "espinha dorsal" no Grêmio . Ele menciona Volpi, que superou a desconfiança inicial, e uma defesa que se solidificou no final do ano, com Marcos Rocha e Marlon nas laterais. No entanto, ele sugere que Kannemann está sendo excessivamente utilizado e que Wagner Leonardo seria o nome ideal para a posição. No meio-campo, Arthur é apontado como o jogador que transformou a equipe na reta final, embora persista a dúvida sobre o outro volante. No ataque, Alysson é visto como o mais desequilibrante, superando Willian, e Braithwaite é outra peça central. A principal lacuna, segundo Xavier Filho, é um extrema pela esquerda, que traria velocidade para a marcação alta e evitaria espaços.

A Visão do Treinador: Otimismo com Contratos e Retornos

Em contraste com as análises mais cautelosas de alguns especialistas, o técnico Mano Menezes expressou otimismo quanto à formação de uma base sólida para 2026. Questionado sobre o tema após a vitória sobre o Juventude na Arena, o treinador afirmou:

? Acredito que sim, pela vigência dos contratos, pela resposta que essas chegadas estão dando. Nós contratamos seis, sete. Estão jogando três, né? Então, acredito que quando colocarmos todos esses jogadores, imaginamos o que a equipe ainda pode melhorar. Acredito muito nisso. E nunca reclamamos muito, sempre trabalhamos, tivemos perdas significativas nesses últimos dois meses, umas lesões terríveis de seis meses, de oito meses, nunca vi tanto. Até pedimos para benzer, não é, presidente? E acho que esse é um retrato daquilo que pode vir pela frente em termos de melhor. Acredito muito nisso.

A confiança de Mano reside na resposta dos reforços e na extensão dos seus vínculos contratuais, projetando uma melhora ainda maior quando todos os atletas estiverem à disposição. Ele também fez menção às "perdas significativas" por lesões, que afetaram o planejamento recente do clube.

A Contribuição dos Reforços: Impacto e Situação Contratual

Das sete contratações realizadas pelo Grêmio a partir de julho, três se consolidaram como titulares: Noriega, Arthur e Carlos Vinicius. Outros jogadores, como Balbuena e Willian, tiveram participações iniciais, mas foram afastados por lesões graves. Willian tem previsão de retorno para a segunda quinzena de novembro, enquanto Balbuena só deverá estar apto no próximo ano. Marcos Rocha, afastado por lesão na coxa esquerda, deve retornar dentro de um mês.

A maioria desses atletas possui contratos que se estendem para além de 2025, o que, em tese, oferece uma certa estabilidade para o planejamento futuro. A exceção mais notória é Arthur, cujo contrato se estende até meados de 2026, mas sua permanência além da janela europeia do próximo ano é vista com incerteza pelos comentaristas. O lateral-esquerdo Enzo, vindo do CSA, ainda não teve oportunidades; ele chegou por empréstimo até o final do ano, com a possibilidade de estender o vínculo até o término do Campeonato Gaúcho de 2026.

Para contextualizar a situação dos reforços e sua projeção para o futuro, a tabela abaixo detalha o status atual e contratual de cada um:

A análise dos comentaristas e a visão do técnico Mano Menezes pintam um cenário de progresso, mas também de desafios significativos para o Grêmio na construção de uma base sólida para 2026. A manutenção de jogadores-chave, a superação de lesões e a identificação de reforços pontuais serão cruciais para que o Tricolor não apenas inicie a próxima temporada com uma equipe competitiva, mas também a finalize em alto nível.