Grêmio: Análise da Inércia Ofensiva e a Pressão Crescente no Clube

O Grêmio concluiu sua participação na derrota do último sábado sem registrar um único arremate em direção à meta do Fluminense. A única chance que se apresentou como perigosa, um disparo de Alysson que se perdeu pela linha de fundo no início do confronto, não alterou o panorama. Após 108 dias à frente da equipe, o técnico Mano Menezes ainda não conseguiu solucionar a principal fragilidade do time: a construção de jogadas ofensivas. Essa persistência no problema o coloca, mais uma vez, sob intensa pressão. O próprio comandante, inclusive, expressou veementes críticas. O elenco, limitado em sua capacidade técnica e abalado pela falta de confiança, contribui para um cenário preocupante neste início de segunda metade da temporada.

Assim como já havia sido observado no embate contra o Palmeiras, em 26 de julho, o time gremista conseguiu um certo equilíbrio nas ações durante o segundo tempo, após ter sido amplamente dominado na etapa inicial. Contudo, essa melhora foi extremamente sutil. No Maracanã, a posse de bola nos primeiros 45 minutos indicava 60% para o Fluminense. Ao final do jogo, essa diferença foi reduzida para 52% a 48%, com a equipe gaúcha mostrando um comportamento ligeiramente mais propositivo em campo. No entanto, o Grêmio demonstra deficiências mesmo quando esboça uma evolução. Se é que se pode classificar tal desempenho como uma "melhora".

O Contraste de Realidades e a Fragilidade Recente

A partida, é preciso reconhecer, ofereceu poucas oportunidades de gol para ambos os lados. O Fluminense registrou apenas dois chutes no alvo, além de ter desperdiçado uma cobrança de pênalti. Ainda assim, foi para o intervalo com a vantagem no placar. Importante frisar que o Tricolor Gaúcho tem apenas o Campeonato Brasileiro como foco, ao contrário do time carioca.

Adicionalmente, devido ao calendário do Mundial de Clubes, a equipe comandada por Renato Portaluppi acumulou seis partidas a mais ao longo do ano ? sem considerar o tempo exclusivo para treinamentos que Mano Menezes desfrutou, algo que Renato não teve. O Fluminense permanece engajado na Copa do Brasil e na Sul-Americana, competições das quais o Grêmio se despediu precocemente, eliminado por CSA e Alianza Lima, respectivamente.

A recente derrota também provocou uma reflexão sobre a vitória gremista contra o Fortaleza, na última terça-feira. Questiona-se se os três pontos teriam sido conquistados caso o goleiro Magrão não tivesse cometido dois pênaltis em um intervalo de seis minutos. Naquela ocasião, uma grande defesa de Volpi aos 44 minutos do segundo tempo foi crucial para evitar o empate. O fato inegável é que a evolução inicial, exibida na Arena, revelou-se frágil. Em pleno mês de agosto, o Grêmio se assemelha a um castelo de cartas, propenso a desabar diante de qualquer brisa mais intensa.

A Voz do Treinador e os Apontamentos Táticos

O ambiente no clube, que havia sido brevemente aliviado na metade da última semana, retorna a um estado de tensão. O Grêmio se coloca sob escrutínio a cada performance aquém do esperado. Mano Menezes, durante a entrevista coletiva pós-jogo, enviou mensagens diretas:

? Nós sofremos um gol ridículo, para o nosso nível é inaceitável. O pênalti que nós cometemos nós podemos colocar no mesmo adjetivo. Então, nós iríamos perder um jogo de 2 a 0 com dois gols que nós entregamos para o adversário.

? A gente precisa ter coragem para jogar futebol na Série A. O adversário também tem dificuldade para jogar e joga. A gente também tem que ter essa coragem para jogar um passe curto.

? Jogador de meio milhão de reais tem que jogar marcado, né? A gente sempre fala isso. É a Série A, é a exigência da Série A e é atrás disso que nós temos que ir.

Essas foram algumas das declarações do treinador gremista, que novamente alterou a formação da equipe, desta vez com a bola rolando. Ele deslocou Alysson da ponta para o centro, trouxe Pavon para a faixa esquerda e empurrou Riquelme para o lado canhoto. Diferentemente do ocorrido contra o Fortaleza, a alteração não produziu o efeito desejado, e a equipe continuou a exibir dificuldades na troca de passes, com Braithwaite isolado no setor ofensivo.

Números, Perspectivas e o Próximo Desafio

O Grêmio encerrou a noite com os mesmos 20 pontos e uma partida a menos, a ser disputada contra o Botafogo, em casa. A distância de cinco pontos para a zona de rebaixamento pode diminuir até o final da rodada, embora o Tricolor não vá sair da 14ª posição. A aspiração de alcançar as primeiras colocações da tabela torna-se cada vez mais distante. O Bragantino, atualmente o primeiro time dentro do G-6, possui sete pontos a mais.

A gestão de Mano Menezes soma 21 jogos, com seis derrotas, seis vitórias e nove empates. Ele não conseguiu conquistar nem metade dos pontos disputados, registrando um aproveitamento de 42%. Este desempenho é considerado insuficiente para quem ambiciona uma vaga na Conmebol Libertadores e muito aquém do que se esperava com a mudança de técnico, ocorrida em abril.

A reestruturação da maior parte do elenco seria a medida mais ideal, porém, no momento, é uma alternativa inviável. Com atletas de salários elevados e contratos de longa duração, o Grêmio enfrenta dificuldades para movimentar o grupo na janela de transferências. A diretoria manifesta o desejo de negociar nomes improdutivos, também com o objetivo de gerar receita, mas não tem obtido sucesso. Resta a tentativa de realizar contratações com o apoio financeiro externo, como o suporte do empresário Marcelo Marques na investida por Roger Guedes, cuja vinda permanece incerta.

Se a movimentação no grupo de jogadores é complexa, as atenções se voltam para o treinador, a peça central no tabuleiro tricolor. Na próxima rodada, diante do Sport, Mano Menezes contará com os reforços de Carlos Vinicius e Balbuena. Com o jogo marcado para domingo, terá uma semana completa para aprimorar o treinamento. Ou seja, não há dúvidas sobre quem estará sob os holofotes no próximo domingo.