Grêmio: Desvendando a Fragilidade do Setor Ofensivo em 2025

Apesar das intenções de aprimoramento e das recentes incorporações ao elenco, a frente ofensiva do Grêmio permanece como um ponto de preocupação sob a gestão de Mano Menezes. Passados 28 confrontos no comando técnico, a capacidade de balançar as redes, especialmente em seus domínios, tem se mostrado um obstáculo persistente. Embora o recente empate contra o Botafogo tenha registrado um volume de finalizações superior ao adversário ? um feito inédito nas últimas dez aparições ?, essa estatística isolada pouco atenua a complexidade do cenário.

As adições de Willian e Arthur visavam aprimorar a capacidade criativa do meio-campo, enquanto Carlos Vinicius foi trazido com a missão de aliviar a dependência de Braithwaite na artilharia. Contudo, a efetividade dessas apostas foi severamente comprometida por problemas físicos. Carlos Vinicius enfrenta um edema na coxa esquerda, com um período de recuperação estimado em até quatro partidas, e Braithwaite, o principal goleador da equipe, está fora da temporada após romper o tendão de Aquiles. Estas ausências são um duro golpe nas aspirações ofensivas do clube.

O Impacto Devastador das Lesões no Ataque Tricolor

A sequência de infortúnios físicos não se restringe apenas aos centroavantes. Além de Braithwaite e Carlos Vinicius, o departamento médico também lida com as recuperações dos meias Monsalve e Riquelme, cujos retornos são projetados apenas para outubro. A escassez de opções para a articulação ofensiva recai, assim, sobre Cristaldo, com Willian assumindo parte da responsabilidade criativa desde o clássico Gre-Nal. Essa situação força adaptações táticas e limita a profundidade do elenco em momentos cruciais.

Em um panorama mais amplo, as vitórias por 3 a 2 sobre o Internacional e por 3 a 1 contra o Atlético-MG figuram como exceções notáveis em um período de escassa produção ofensiva. Excluindo o triunfo por 2 a 1 diante do Fortaleza, o Grêmio acumulou sete jogos com empates e derrotas nos quais conseguiu marcar apenas dois gols. Este desempenho reflete uma dificuldade estrutural em transformar oportunidades em resultados, um desafio que transcende a mera ausência de um ou outro jogador.

A Inconsistência do Goleador e a Fragilidade da Artilharia

A dependência de Braithwaite na artilharia da temporada, com 15 gols, é evidente, especialmente considerando que ele não balança as redes desde 29 de julho. A lacuna deixada por sua lesão é ainda mais preocupante pela ausência de um substituto à altura. Cristian Olivera, o segundo na lista de goleadores com seis tentos, marcou seu último gol em 1º de junho. Gustavo Martins, Edenilson e Aravena, cada um com quatro gols, são atletas que oscilam entre a titularidade e o banco de reservas, sem a consistência necessária para assumir a responsabilidade goleadora.

Com a baixa do dinamarquês, Carlos Vinicius emergiu como uma esperança, tendo inclusive marcado no Gre-Nal. No entanto, sua própria lesão o tirou de cena, transferindo a responsabilidade para André Henrique. Este, a terceira opção para a posição, soma três gols em 2025 e tem sido o encarregado de liderar o ataque na ausência de seus concorrentes. A performance de André Henrique , embora com dedicação, sublinha a carência de um finalizador prolífico e confiável no elenco atual.

O Pífio Rendimento Ofensivo em Casa e a Dificuldade de Marcar com Bola Rolando

O desempenho do Grêmio em seus domínios é um dos aspectos mais críticos da análise. O clube não registra uma vitória na Arena há quatro jogos, acumulando dois empates e duas derrotas. Em todas essas partidas, apenas um gol foi anotado ? e de pênalti, convertido pelo goleiro. A última vitória em casa ocorreu em 29 de julho, contra o Fortaleza, por 2 a 1. Estatisticamente, o Tricolor é a equipe com menos gols marcados em casa no Brasileirão deste ano, com apenas 10 em 12 confrontos, superando apenas o Sport, que tem nove.

Essa dificuldade em transformar o mando de campo em vantagem se reflete na classificação do Grêmio como o sétimo pior mandante do campeonato, com um aproveitamento de 47%. Equipes como Corinthians, Atlético-MG, Vasco, Santos, Fortaleza e Sport apresentam desempenhos inferiores. Adicionalmente, o recorte das últimas dez partidas revela uma escassez de gols originados em jogadas de bola rolando. Dos 10 gols marcados em 35 finalizações no alvo, seis tiveram origem em bolas paradas ? quatro de pênalti e dois de escanteio ?, evidenciando a dependência de lances pontuais e a pouca fluidez na construção ofensiva.

Finalizações: Eficiência Pontual em Meio à Escassez de Oportunidades

Apesar do cenário geral, o confronto contra o Botafogo registrou um dado interessante: o Grêmio finalizou mais vezes que o adversário pela primeira vez em dez partidas, tanto em casa quanto fora. Foram 17 tentativas, com cinco acertos na meta, contra 12 conclusões e quatro no alvo do Botafogo. No entanto, em vitórias anteriores, como contra Fortaleza, Atlético-MG e Internacional, o Grêmio se destacou mais pela eficiência do que pelo volume de finalizações. No clássico Gre-Nal, por exemplo, das seis finalizações, três foram no gol e todas resultaram em tentos. Contra o Galo, foram quatro chutes na baliza para três gols, e frente ao Fortaleza, quatro conclusões na casinha para dois gols.

A seguir, uma tabela detalha o desempenho do Grêmio em finalizações nos últimos dez jogos, ilustrando a variação entre volume e acerto:

A análise dos dados revela que o desafio ofensivo do Grêmio é multifacetado, abrangendo desde a gestão de lesões e a busca por um goleador consistente até a melhoria da produção em casa e a conversão de jogadas de bola rolando. A superação desses obstáculos será fundamental para que o Tricolor possa almejar resultados mais consistentes na temporada.