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Grêmio e Fórmula 1: A Fascinante História Oculta em Porto Alegre

Por Redação Sou Imortal em 20/10/2025 09:13

O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense é, inquestionavelmente, uma das instituições mais emblemáticas do futebol nacional. Contudo, uma parcela menos conhecida de sua rica trajetória revela uma incursão surpreendente no universo do automobilismo, culminando na organização de uma corrida com veículos de Fórmula 1 em Porto Alegre.

O ano de 1953 não apenas celebrou o jubileu de ouro do Grêmio , mas também testemunhou a criação de um departamento de automobilismo, uma iniciativa visionária do gremista Catarino Andreatta. Este piloto, que mais tarde se consagraria tricampeão das 1000 Milhas Brasileiras (1958, 1959 e 1960), liderou uma das primeiras e mais audaciosas missões do novo setor: conceber, em parceria com o Automóvel Clube do Rio Grande do Sul, um evento automobilístico para marcar o cinquentenário do clube.

Batizado de Grande Prêmio do Cinquentenário, o evento foi inicialmente agendado para 18 de outubro. A ambição era grandiosa: atrair luminares do esporte a motor, como Juan Manuel Fangio, bicampeão mundial à época e futuro pentacampeão, e Chico Landi, o pioneiro brasileiro na Fórmula 1. Contudo, a concretização do espetáculo enfrentou obstáculos que alteraram a programação original.

O Desafio Logístico e o Espetáculo Automobilístico

O Grêmio assumiu integralmente os encargos financeiros para viabilizar a presença de pilotos e carros na capital gaúcha. A competição foi estruturada em duas categorias: uma para veículos com motorização de até 1.200 cc e outra de força livre, sem restrições de cilindrada. A resposta do público foi extraordinária, com uma arrecadação que alcançou a marca de Cr$ 500.000,00, estabelecendo um recorde para eventos esportivos no Rio Grande do Sul até aquele momento.

O grid de largada, especialmente na categoria de força livre, era um deleite para os entusiastas. Contava com modelos icônicos da Fórmula 1 de então, como as Ferraris 125 e 166, e as Maserati A6GCM. Além desses, monopostos equipados com motores Ford e Chevrolet também disputavam a primazia. Na categoria de até 1.200 cc, embora o Simca 8 francês dominasse o cenário, marcas como Fiat, Austin e DKW também estavam representadas. Para uma melhor visualização, os veículos participantes estão detalhados na tabela a seguir:

Categoria Modelos de Carros
Força Livre Ferrari 125, Ferrari 166, Maserati A6GCM, Monopostos Ford, Monopostos Chevrolet
Até 1.200 cc Simca 8, Fiat, Austin, DKW

A Emoção da Pista e o Legado Inesquecível

A data da corrida, remarcada para 25 de outubro, amanheceu sob um temporal em Porto Alegre, forçando um novo adiamento. A persistência da chuva, entretanto, não impediu a realização das provas. A bateria dos carros de até 1.200 cc foi a primeira a ser disputada, com a vitória do uruguaio Óscar González, pilotando um Simca 8. González, posteriormente, participaria do Grande Prêmio da Argentina de 1956 na Fórmula 1, alcançando a sexta posição. Na categoria Fórmula Livre, o triunfo coube ao brasileiro Henrique Casini, a bordo de uma Ferrari 125.

Assim se encerra um capítulo ímpar e notável na história do esporte nacional: um clube de futebol brasileiro, o Grêmio , protagonizando a organização de uma corrida com carros de Fórmula 1. Um feito que, pela sua singularidade e complexidade, dificilmente encontrará paralelo na posteridade do esporte.

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