1. Sou Imortal

Grêmio: Finanças da Gestão Guerra e o Caminho Sem SAF para 2026

Por Redação Sou Imortal em 27/09/2025 00:22

A gestão do presidente Alberto Guerra no Grêmio se aproxima de seu desfecho, em um período marcado por uma delicada dança entre a necessidade de rigor fiscal e a urgência de fortalecer o departamento de futebol. Tal estratégia, que exigiu um olhar atento tanto para as finanças quanto para o campo de jogo, tornou-se imperativa diante de uma temporada que não correspondeu às expectativas.

O reflexo direto dessa política de investimento foi o salto na folha salarial do clube, que, segundo apurações, elevou-se de R$ 17 milhões para aproximadamente R$ 20 milhões. Esse incremento substancial é atribuído às novas contratações realizadas na última janela de transferências, um esforço para injetar qualidade no elenco. Um movimento financeiro crucial para essa reestruturação veio de Marcelo Marques, empresário e proprietário da Arena, que disponibilizou um aporte de R$ 30 milhões ao clube a partir da metade do ano.

Este capital foi empregado para saldar débitos com fornecedores e para viabilizar a aquisição de atletas que possuíam contratos em vigor, um exemplo notável sendo a chegada de Erick Noriega. O vice-presidente Fábio Floriani elucidou a complexidade dessa engenharia financeira em declaração exclusiva:

? Estamos trabalhando com todas as nossas receitas para viabilizar (investimentos). Receita dos patrocínios, tem a questão também da TV que, no final do ano, é reforçada pela exposição e pela performance do time. Contamos que o nosso time ainda vai dar uma recuperada e trazer recursos extras. E o Marcelo Marques ajudou o clube com aporte que a gente utilizou, em grande parte, para trazer esses atletas ? explicou o vice-presidente Fábio Floriani em entrevista exclusiva ao ge.

A Bússola Financeira: Receitas e o Horizonte Sem SAF

Apesar dos percalços, as projeções financeiras do Grêmio carregam um tom de otimismo. Após registrar uma receita de R$ 242 milhões nos primeiros seis meses do ano, Floriani manifesta confiança de que o clube alcançará a meta estabelecida para 2025, fixada em R$ 548 milhões. Essa perspectiva favorável apoia-se em dois pilares fundamentais: a expectativa de uma melhoria no desempenho da equipe em campo, que potencialmente poderia gerar um aumento nas verbas, e o sucesso contínuo na comercialização de jovens talentos formados na base.

A formação de atletas, de fato, emerge como um ponto nevrálgico na visão de Floriani para a sustentabilidade do clube, especialmente no que tange à manutenção do modelo associativo e à não conversão em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). As negociações envolvendo jogadores oriundos das categorias de base já totalizaram R$ 105,5 milhões, cifra que inclui a transferência de Igor Serrote por R$ 30,7 milhões em julho, com o Grêmio retendo 80% desse valor, aproximadamente R$ 24 milhões líquidos.

? Enquanto conseguir formar e vender atletas, principalmente no âmbito da base, sim (se mantém sem SAF). O desafio é querer um time competitivo em um cenário que os custos subiram demais. O Grêmio é um formador e tem conseguido fazer negócios com os jogadores da base. Assim, tem sido uma válvula de escape. Temos atletas que interessam a clubes de dentro e fora do país ? acrescentou o dirigente.

A Base Como Escudo: Sustentabilidade e o Próximo Ciclo

A centralidade da base para a saúde financeira do Grêmio é inegável, funcionando como um mecanismo de alívio e uma fonte vital de recursos. Contudo, o maior desafio para a próxima gestão será aprimorar o fluxo de caixa. O clube opera com um orçamento apertado, sem receitas excedentes significativas, o que exige uma gestão rigorosa para honrar os compromissos mensais. A necessidade de investir no futebol, por sua vez, não diminui.

Floriani, no entanto, destaca um legado importante da atual administração: a montagem de um elenco mais competitivo, fruto dos investimentos realizados na última janela de transferências, que será entregue à próxima diretoria. A expectativa é que, apesar da ausência de um caixa robusto, o próximo presidente encontre um time com maior capacidade de resposta em campo.

? É o mesmo desafio de quando a gente assumiu a gestão: assumir um clube que não vai ter um excedente de caixa. Porém, de forma muito diferente de quando a gente assumiu, vamos deixar um time competitivo para o próximo presidente. Recebemos um time vindo da segunda divisão. Tivemos uma redução forte nas receitas por conta disso. A gente deixa para o próximo presidente um patamar de receita geral no nível que tem que ser, acima de R$ 500 milhões. E deixamos um time para administrar ? comentou.

Destaques Financeiros da Gestão Guerra

Item Valor Detalhe
Folha Salarial (pós-reforços) ~R$ 20 milhões/mês Aumento da folha anterior de R$17 milhões
Aporte Marcelo Marques R$ 30 milhões Utilizado para dívidas e contratações
Receita 1º Semestre R$ 242 milhões
Previsão Receita 2025 R$ 548 milhões Baseada em performance e vendas da base
Venda Jogadores Base R$ 105,5 milhões Inclui Igor Serrote (R$ 24 milhões líquidos Grêmio)

Por fim, Floriani assegurou que a administração de Alberto Guerra não deixará pendências financeiras significativas para o próximo ano, quando uma nova gestão assumir, apenas o que seria "da normalidade dos clubes do futebol", como ele próprio define. A desistência de Marcelo Marques de se lançar à presidência do Grêmio sinaliza que Guerra provavelmente indicará um nome de sua preferência para concorrer ao cargo máximo em novembro, moldando assim a continuidade política e, consequentemente, a estratégia financeira do clube.

Não vamos deixar obrigações para trás, mas também não vamos ter a condição de deixar muito recurso em caixa, porque o investimento foi grande.

Curtiu esse post?

Participe e suba no rank de membros

Comentários:
Ranking Membros em destaque
Rank Nome pontos