Grêmio Vence Vitória na Arena: Análise Crítica da Performance Tricolor

A Conquista Sob Pressão: Grêmio Retorna ao Caminho das Vitórias em Casa

O desempenho como mandante sempre foi um pilar fundamental para as grandes campanhas do Grêmio no Campeonato Brasileiro. Após uma sequência de quatro partidas sem um triunfo diante de sua torcida, o Imortal superou o Vitória por 2 a 1 na manhã deste domingo. A vitória, embora não tenha sido marcada por uma atuação incontestável, parece suficiente neste momento para restaurar certa tranquilidade e posicionar a equipe entre os dez primeiros colocados da competição.

É inegável que poucos clubes já completaram as 25 rodadas do campeonato, e a possibilidade de três adversários superarem o Tricolor até o final do dia ainda existe. Contudo, a oitava posição alcançada provisoriamente representa o melhor patamar do clube desde a abertura da competição. André Henrique inaugurou o placar, Aitor igualou para o Vitória, mas Amuzu, substituindo um Pavón com desempenho abaixo do esperado, foi o responsável por decidir o confronto.

Configurações Iniciais: As Escolhas Táticas de Grêmio e Vitória

O Grêmio de Mano Menezes precisou lidar com desfalques significativos, incluindo Tiago Volpi, Cuellar e Carlos Vinícius. Gabriel Grando foi o escolhido para a meta, marcando seu retorno após quatro meses. Noriega permaneceu na posição de volante, enquanto Gustavo Martins formou a dupla de zaga com Kannemann. André Henrique assumiu a função de centroavante, e Arthur, após cumprir suspensão, retomou sua vaga entre os titulares.

Pelo lado do Vitória, em sua estreia no comando técnico, Jair Ventura optou por uma formação com três zagueiros (5-4-1). Camutanga, Lucas Halter e Zé Marcos compuseram a linha defensiva. Matheuzinho iniciou no banco, e os jogadores Aitor Cantalapiedra e Erick foram os responsáveis por apoiar o centroavante Renato Kayzer. As escolhas iniciais refletiram as necessidades e estratégias de ambos os treinadores para o confronto decisivo na Arena.

Primeiro Tempo: Dificuldades, Lesão e o Gesto Decisivo

Os trinta minutos iniciais do confronto na Arena foram particularmente desfavoráveis para o Grêmio . A primeira adversidade surgiu com a lesão de Willian, que era a principal esperança ofensiva do time. Após uma dividida com Raul Cáceres, o atleta sentiu o pé e precisou ser substituído. Alysson entrou em campo, e Pavón foi deslocado para o flanco esquerdo. Se a criação de jogadas já era um desafio com o ex-jogador da seleção brasileira em campo, sua saída apenas intensificou as dificuldades ofensivas do Tricolor.

O Grêmio demonstrava capacidade de transitar pelo campo do Vitória, mas encontrava barreiras intransponíveis ao tentar penetrar na defesa adversária. Essa ineficácia resultava tanto da falta de sincronia entre os jogadores quanto da precipitação excessiva ao se aproximar da área. Pavón , em particular, era um dos maiores exemplos dessa deficiência, com uma quantidade de erros superior ao aceitável para um jogador de sua função.

Para agravar a situação gremista, o Vitória orquestrou duas jogadas de grande perigo que poderiam ter resultado no primeiro gol. Ambas foram finalizadas por Aitor. Aos seis minutos, ele recebeu um preciso lançamento de Cáceres em um contra-ataque, mas seu chute de canhota foi defendido por Gabriel Grando . Pouco depois, desperdiçou uma oportunidade clara em um cruzamento rasteiro de Renato Kayzer, mais uma boa investida iniciada por Raúl Cáceres.

Embora sua estratégia fosse predominantemente reativa, o time rubro-negro não abdicava da agressividade com a posse de bola, nem de subir suas linhas de marcação nos tiros de meta do Grêmio . O jogo tornou-se fragmentado por interrupções, atendimentos médicos e reclamações, o que gerou impaciência na torcida gremista. A produção da equipe permaneceu aquém do desejado, e a situação só começou a melhorar nos momentos finais da primeira etapa.

Willian é substituído no Grêmio ainda no primeiro tempo ? Foto: Gabriel Girardon

A Virada de Chave: Marcos Rocha e o Gol que Abriu o Caminho

A atuação de Marlon e Marcos Rocha foi fundamental para a evolução do Imortal em campo nos minutos finais da primeira etapa. O primeiro, com a mudança de Pavón para o flanco esquerdo, passou a avançar mais vezes por dentro, adotando uma postura agressiva e explorando algumas lacunas na defesa adversária. Ele gerou duas jogadas de relativo perigo, uma delas culminando em finalização de André Henrique , demonstrando a importância de sua movimentação para desorganizar a marcação do Vitória.

Marcos Rocha, por sua vez, contribuiu com passes precisos e inteligência nas ações ofensivas pelo lado direito, provando ser uma peça vital na construção das jogadas. Foi do experiente lateral a cobrança de lateral na área que originou o gol gremista. Zé Marcos fez um corte deficiente, e Edenilson quase marcou ao cabecear no canto de Arcanjo. André Henrique , atento, aproveitou o rebote dentro da área e inaugurou o placar nos acréscimos do primeiro tempo, aliviando a tensão na Arena. Além do crescimento de Edenilson e da mobilidade de Alysson pela direita, o Grêmio passou a contar com um Arthur mais participativo no setor ofensivo, mostrando sinais de recuperação no final da etapa.

Segundo Tempo: O Empate Relâmpago e as Mudanças Cruciais

As equipes retornaram para o segundo tempo sem alterações, mas o Vitória, impulsionado pela desvantagem, naturalmente adotou uma postura mais ofensiva. Em apenas três minutos, conseguiu o empate, fruto de sua nova estratégia. Ronald teve grande liberdade na intermediária gremista e lançou Cáceres na área. Pavón , em um corte falho, abriu espaço para Aitor, que não perdoou, batendo de primeira para igualar o marcador e silenciar momentaneamente a Arena.

Pavón , a partir de então, passou a ser alvo de vaias da torcida local, persistindo em cometer erros e gerando contra-ataques perigosos para os baianos. Em uma dessas falhas, Aitor por pouco não virou o jogo ao receber um passe de Erick nas costas da defesa. A atuação do ponta argentino tornou-se insustentável, e ele foi substituído, juntamente com Edenilson, antes dos 15 minutos do segundo tempo. As entradas de Amuzu e Cristaldo, promovidas por Mano Menezes, seriam determinantes para o desfecho da partida, alterando a dinâmica ofensiva do Grêmio .

Arthur e Baralhas em Grêmio x Vitória ? Foto: Maxi Franzoi/AGIF

Amuzu Brilha e Grêmio Garante a Retomada da Vantagem

Marcos Rocha, mais uma vez, demonstrou a magnitude de sua influência no Grêmio aos 21 minutos da segunda etapa. Aproveitando uma subida de marcação do Vitória, ele roubou a bola de Aitor no campo de ataque, iniciando a jogada decisiva. Cristaldo tabelou com Arthur na sequência e fez um passe primoroso para Amuzu, que finalizou com precisão entre as pernas de Arcanjo, recolocando o Grêmio na frente do placar e incendiando a Arena novamente.

No entanto, a alegria foi seguida por uma preocupação: Mano Menezes precisou sacar Marcos Rocha no instante seguinte, pois o lateral sentiu o adutor. Sem outro jogador da função no banco, o técnico foi obrigado a improvisar Gustavo Martins na lateral. Dodi entrou como volante, e Noriega foi deslocado para a zaga, demonstrando a capacidade de adaptação do treinador. Aravena também foi acionado no lugar de André Henrique , buscando explorar a velocidade do chileno nos contra-ataques durante os minutos finais, visando selar a vitória.

Vitória Selada: Desespero do Adversário e a Consolidação dos Três Pontos

O Vitória, em uma tentativa de buscar o empate, desfez o esquema com três zagueiros, buscando maior poder ofensivo. Camutanga deu lugar a Matheuzinho, e Erick foi substituído por Osvaldo. Romarinho e Renzo López entraram nas vagas de Gabriel Baralhas e Renato Kayzer, respectivamente, em uma tentativa desesperada de mudar o panorama. Nos últimos cinco minutos, Lucas Braga substituiu Ronald . Com o time totalmente exposto e focado no ataque, o Nêgo não conseguiu sequer ameaçar o empate e ainda sofreu o terceiro gol, que consolidou a vitória gremista.

Amuzu, em mais uma jogada de brilho individual, fez uma ótima investida sobre Raul Cáceres pela esquerda e cruzou com precisão para Aravena. O atacante chileno superou Zé Marcos e sacramentou a vitória anfitriã, garantindo os três pontos para o Grêmio . Para o Vitória, o resultado foi duplamente amargo: além de permanecer na zona de rebaixamento, a equipe foi ultrapassada pelo Juventude, ocupando agora a 18ª colocação na tabela do Brasileirão, em uma situação cada vez mais delicada.