Mano Menezes: Ultimato no Grêmio Após Derrota Chocante para o Sport

A derrota do Grêmio para o Sport por um placar mínimo de 1 a 0, ocorrida no último domingo (10) pela 19ª rodada do Campeonato Brasileiro, reverberou intensamente no ambiente tricolor. O revés, especialmente por ter sido contra o então lanterna da competição, que conquistou sua primeira vitória justamente diante do Imortal, provocou uma reação contundente do técnico Mano Menezes em sua coletiva pós-partida.

Visivelmente abalado com o resultado, o comandante gremista não se esquivou de expressar sua profunda insatisfação. Suas palavras indicaram a necessidade premente de uma guinada no desempenho da equipe. Mais do que um mero desabafo, Mano Menezes fez uma promessa categórica: caso a melhora esperada não se concretize em um horizonte próximo, ele não permanecerá como um obstáculo ao progresso do clube.

A declaração do treinador, carregada de um peso significativo, delineia um cenário de urgência e autocrítica, características marcantes de um profissional que entende a responsabilidade do cargo e a paixão da torcida.

O Pesar de um Comandante e o Limite da Paciência

A franqueza de Mano Menezes ao abordar o momento atual do Grêmio é notável. Ele não fez questão de amenizar a gravidade da situação, classificando-a como um dos períodos mais complexos de sua trajetória no futebol. O técnico fez um paralelo com experiências passadas, inclusive com o desafiador processo de recuperação do Fluminense no ano anterior, sugerindo que, em alguns aspectos, a conjuntura atual poderia ser ainda mais delicada.

"Eu não faço questão nenhuma de disfarçar aquilo que estamos passando agora, é um momento dos mais difíceis que passamos aqui, certamente, um dos mais difíceis da minha carreira. Passei um ano passado bem difícil, em uma situação semelhante, diria até que quando iniciamos o trabalho de recuperação do Fluminense ano passado, as coisas eram até mais drásticas. Mas o que eu preciso falar para o torcedor é que, mesmo com a confiança da direção, tudo tem limite para mim como treinador. Eu tenho que entender que, mesmo que o torcedor tenha um carinho comigo, respeito, da mesma forma eu tenho respeito com ele, as coisas não podem continuar como estão. Senão teremos um final muito melancólico, triste, que não é a nossa intenção."

Essa fala revela não apenas um profissional sob pressão, mas alguém que reconhece a relação de respeito com a torcida e a necessidade de que os resultados correspondam às expectativas. A menção ao "limite" e ao risco de um "final muito melancólico" sublinha a seriedade de sua análise e a iminência de decisões cruciais.

Foto: ( LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA)

A Estagnação Tática e a Busca por Respostas Imediatas

Menezes prosseguiu em sua análise, pontuando que, embora a equipe tenha demonstrado uma direção inicial clara para a recuperação ao seu comando, houve uma perceptível estagnação após a pausa para o Mundial de Clubes. Essa paralisação no desenvolvimento do jogo tem sido uma preocupação central para o treinador, que vê a necessidade de reavaliar aspectos táticos com extrema celeridade.

"Sei que quando chegamos conseguimos dar uma direção daquilo que precisávamos fazer para a recuperação, a iniciamos, e depois da parada (para o Mundial) o time estagnou na sua maneira de jogar. Precisamos rever algumas coisas a curto prazo porque senão todos vão entrar na mesma vala comum e não teremos forças para fazer essa reação."

A preocupação com a "vala comum" é um alerta claro sobre o risco de a equipe se afundar em uma espiral negativa, perdendo a capacidade de reagir. O técnico é taxativo ao afirmar que o Grêmio não está conseguindo desempenhar bem nem na fase defensiva, nem na ofensiva, um cenário preocupante para qualquer equipe que almeje resultados positivos.

O Ultimato Final: Reação Rápida ou o Adeus

A convicção de que a recuperação passa primordialmente por uma solidez defensiva é um ponto crucial na visão de Mano Menezes. Ele lamenta que, no momento, essa segurança esteja ausente, o que compromete o desempenho coletivo. Para ele, a melhora passa por um entendimento mais aprofundado do que a equipe precisa fazer em campo e a execução eficaz dessas diretrizes.

"Penso que ainda temos possibilidade de fazê-la, mas aquilo que escolhi precisa ser revisto em alguns aspectos, a equipe não está conseguindo nem se defender bem, nem atacar bem. Eu só acredito que a recuperação passa primeiro por uma segurança defensiva, e hoje não temos ela. Como equipe, a gente precisa melhorar essa parte coletiva, de entendimento do que a gente quer fazer, para fazer bem feito. E isso precisa acontecer a curto prazo. Essa é a minha promessa para o torcedor: se não acontecer a curto prazo, não serei eu a atrapalhar, de maneira nenhuma quero atrapalhar."

Essa é a promessa mais significativa de Mano Menezes aos torcedores: a exigência de uma melhora em um prazo exíguo. Sua declaração final é um verdadeiro ultimato, que demonstra não apenas a sua frustração, mas também um senso de responsabilidade para com o clube. O treinador deixa claro que, se a transformação necessária não ocorrer, ele não será o empecilho para que o Grêmio encontre seu caminho, seja ele qual for.