- Sou Imortal
- Olímpico: Demolição Iminente e o Destravar da Arena para o Grêmio
Olímpico: Demolição Iminente e o Destravar da Arena para o Grêmio
Por Redação Sou Imortal em 17/09/2025 06:15
O Estádio Olímpico, venerável palco de tantas glórias do Grêmio, aproxima-se de um epílogo definitivo. Próximo de seu 71º aniversário, a estrutura que um dia ecoou o grito da torcida tricolor vislumbra agora um destino inevitável: a demolição total. Este desfecho, há muito aguardado, ganhou impulso significativo com a recente aquisição da gestão da Arena pelo empresário Marcelo Marques, em julho deste ano, marcando um ponto de virada crucial para a resolução de um imbróglio que perdura há mais de uma década.
Nos corredores do clube, a expectativa é palpável: o Grêmio trabalha arduamente para desvencilhar-se das amarras burocráticas e, finalmente, integrar a Arena ao seu patrimônio. Em contrapartida, o Estádio Olímpico será repassado às empresas OAS 26 e Karagounis, esta última vinculada à Caixa Econômica Federal. As projeções mais otimistas nos bastidores indicam que todo o processo pode ser concluído ainda antes do término do ano, pondo fim a uma saga que se arrasta desde 2013, quando a tão esperada "troca de chaves" entre o clube e os construtores da Arena deveria ter ocorrido, mas foi impedida pela hipoteca do novo estádio como garantia de financiamento.
O Declínio do Olímpico: Um Colosso Esquecido
A paisagem do Estádio Olímpico, no bairro Azenha, em Porto Alegre, é um retrato melancólico de seu abandono. Uma visita recente ao entorno da antiga fortaleza tricolor revela uma cena que evoca a canção de Teixeirinha, "Velho Casarão, já quase tapera...". Através das grades e tapumes, é possível constatar que a natureza reivindicou seu espaço, com o mato avançando sobre a estrutura. No que outrora foi o gramado sagrado, árvores crescem vigorosamente, atingindo a altura das arquibancadas, um testemunho silencioso do tempo e do esquecimento.
Desde 2013, quando os trabalhos de demolição foram iniciados e abruptamente interrompidos por questões jurídicas, a área se transformou. Embora os portões permaneçam fechados, a segurança privada mantém a vigilância sobre o local. Curiosamente, o espaço que um dia foi palco de conquistas memoráveis ? Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão ? hoje serve como campo de treinamento para a Brigada Militar, Bombeiros e Polícia Civil, evidenciando uma nova e inusitada utilidade para o gigante adormecido.
O Nó Desatado: Caminho para a Troca de Chaves
A solução para o impasse que travava o futuro do Olímpico e a plena posse da Arena pelo Grêmio surgiu com a mudança na sua gestão, em julho deste ano. O empresário Marcelo Marques desempenhou um papel fundamental ao adquirir dois terços do débito referente à edificação do novo estádio, transformando-se em um credor sem interesse na execução dessa dívida. O Grêmio , por sua vez, assumiu a parcela restante do débito. Marques desembolsou R$ 80 milhões para adquirir sua parte da dívida, enquanto o clube contribuiu com R$ 20 milhões.
Essa renegociação estratégica resultou na desalienação judicial da Arena. O pedido para a baixa da penhora já foi encaminhado, e o vice-presidente do Grêmio , Eduardo Magrisso, assegura que é "questão de tempo" para a finalização do processo. A posição do clube é clara e não admite novas condições, conforme Magrisso detalha:
? O Grêmio está pronto para fazer a troca de chaves. Existe uma escritura, cuja minuta foi prevista em 2014, e os proprietários da Arena têm que assinar essa escritura de permuta com o Grêmio . O Grêmio aguarda Karagounis, que é a empresa da Caixa, e aguarda a OAS 26 para fazer essa troca de chaves, sem nenhuma condicionante. O Grêmio não quer nenhuma obrigação para fazer a troca ? explica o dirigente.
Obstáculos Finais e a Visão do Futuro Urbano
Apesar do avanço significativo, alguns pontos ainda precisam ser alinhados antes da permuta final. Nossas apurações indicam que a OAS 26 busca esclarecimentos sobre suas responsabilidades financeiras relativas a melhorias na infraestrutura do entorno da Arena antes de formalizar a assinatura. Há um diálogo em curso sobre a possibilidade de as empresas, originalmente responsáveis por esses investimentos, cederem parte da área do Olímpico como contrapartida para que a prefeitura de Porto Alegre execute as obras necessárias. As negociações são acompanhadas de perto pelo Ministério Público, e uma definição sobre o tema ainda não foi alcançada.
O vice-presidente Magrisso reforça o empenho do Grêmio na resolução dessas pendências:
? A gente vai baixar a penhora da Arena sobre a nossa responsabilidade. Com a Karagounis, a gente vem mantendo contato. Já a OAS 26 colocou algumas questões, e a gente disse que tem que acertar com a prefeitura. A prefeitura tem sido uma grande parceira do Grêmio nesse negócio e acredito que tudo seja solucionado ? acrescenta Magrisso.
Enquanto isso, o futuro do terreno do Olímpico já começa a ser delineado. A intenção é erguer empreendimentos residenciais no local, visando o retorno financeiro para as empresas. Contudo, detalhes sobre esses projetos ainda não foram divulgados, e sua concretização dependerá da formalização da permuta. Fontes próximas às negociações revelam que OAS 26 e Karagounis precisariam estabelecer parcerias com construtoras, pois não teriam capital suficiente para arcar sozinhas com o investimento necessário após a demolição do estádio. A prefeitura de Porto Alegre, por meio de nota, confirma que "as negociações com todas as partes envolvidas, inclusive com a participação do Ministério Público, seguem em andamento. O objetivo da prefeitura é ter iniciativas que representam intervenções de interesse coletivo para a cidade".
O Imposto da Transição: ITBI e o Novo Patrimônio Tricolor
Um dos últimos entraves para a completa efetivação da troca de chaves reside na definição do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), a ser quitado pelo Grêmio . O clube aguarda um posicionamento da prefeitura sobre o assunto. A Lei Complementar 648, de agosto de 2010, concedeu isenção de impostos municipais para as obras de construção e modernização do Beira-Rio e da Arena, uma medida inicialmente impulsionada pela Copa do Mundo de 2014. Atualmente, o poder público busca confirmar a validade jurídica dessa isenção para a permuta em questão.
O valor do ITBI a ser pago pelo Grêmio apresenta uma estimativa entre R$ 10 milhões e R$ 30 milhões, calculado em 3% sobre o valor de mercado do imóvel. A Arena, neste contexto, pode ser avaliada em até R$ 1 bilhão, cifra que será definida após avaliação da prefeitura. Com a efetivação da posse da Arena, o Grêmio consolidará sua posição como uma "potência imobiliária". Um ativo de R$ 1 bilhão será incorporado ao balancete financeiro do clube, substituindo o Estádio Olímpico, cujo valor estimado é de R$ 400 milhões, o que representa um salto significativo em seu patrimônio.
Curtiu esse post?
Participe e suba no rank de membros