Grêmio à Beira do Rebaixamento: A Inação que Choca a Torcida

No decorrer do último domingo, uma premonição sombria pairava entre diversos torcedores do Grêmio: o Sport sairia vitorioso do confronto noturno na Arena. Não se tratava de um mero palpite jocoso, mas de uma convicção genuína, apesar de o adversário ser o lanterna do Campeonato Brasileiro e ostentar uma sequência de 141 dias, ou 19 jogos, sem triunfos. Horas mais tarde, a razão por trás dessa percepção pessimista se tornaria dolorosamente clara.

A coletiva de imprensa pós-partida revelou um cenário inusitado e desolador. Alexandre Rossato, vice-presidente de futebol do clube, posicionou-se ao lado do técnico Mano Menezes para assegurar a permanência do treinador, enquanto o próprio Mano sinalizava abertamente sua iminente saída. O dirigente expressava convicção na virada dos resultados, ao passo que o comandante técnico afirmava que ?tudo tem um limite? ? e que o seu seria a percepção de que não conseguiria extrair mais nada do elenco. Uma imagem de descompasso patente.

A sensação que emergia daquela mesa era a de que um dos presentes jamais deveria ter ocupado tal posição, e o outro já não possuía clareza sobre suas próprias ações. Para quem acompanha as atuações do Grêmio , não há qualquer indício, como prega o dirigente, de que uma melhora de resultados esteja a caminho. E para quem testemunhou a derrota por 1 a 0 para o Sport, a pergunta inevitável é se existiria um limite mais evidente para a incapacidade do treinador em fazer o time apresentar um desempenho minimamente aceitável.

A Inércia Rumo à Queda: Um Alerta Ignorado

O Grêmio , em uma passividade quase bovina, parece aguardar a chegada da zona de rebaixamento ? tal qual alguém que observa um tsunami se formar e, em vez de buscar refúgio, decide aplicar protetor solar. Mano Menezes, visivelmente insatisfeito com o comportamento dos jogadores, promete testar alterações em uma equipe titular que, na prática, é um mistério para todos. Enquanto isso, a diretoria adota uma postura de pouca ação, quando a atitude mais sensata seria uma reavaliação profunda de sua própria composição. E o comprometimento demonstrado em campo por alguns atletas ? que deveriam ser pilares técnicos do time ? é, no mínimo, questionável.

Se a atual trajetória do Grêmio não for alterada drasticamente, o descenso é um prognóstico quase inevitável. As equipes de ponta do campeonato os superam com facilidade, como demonstrado nas derrotas por 2 a 0 para o Flamengo na Arena, 4 a 1 para o Cruzeiro no Mineirão e 1 a 0 para o Palmeiras em São Paulo. Mais preocupante ainda, os times da parte inferior da tabela sentem-se à vontade para confrontá-los em pé de igualdade. É uma equipe com um ataque ineficaz, sendo o terceiro com menos gols no Brasileirão, e que voltou a exibir fragilidades defensivas, sofrendo gols nos últimos oito confrontos.

Foto: (Divulgação)

Um Ano de Fracassos e Decepções

Nenhuma dessas constatações deveria causar surpresa. O ano de 2025 tem se revelado um verdadeiro pesadelo para a fervorosa torcida gremista, que, mesmo diante de resultados tão adversos, compareceu em peso, com mais de 35 mil pessoas na Arena contra o Sport. A sequência de eliminações em outras competições ilustra a profundidade do problema:

Na época de Gustavo Quinteros, que foi desligado em 16 de abril, o rendimento era ainda mais precário. Contudo, a evolução prometida e esperada com a chegada de Mano Menezes tem sido tímida, insuficiente, quase imperceptível ? o que torna sua saída uma questão de tempo. A grande questão, no entanto, persiste: um novo técnico conseguirá, de fato, extrair o melhor deste time?

O Enigma da Performance: Elenco e Gestão

A raiz do problema do Grêmio reside na combinação de uma diretoria fragilizada e um elenco montado de forma desequilibrada. Contudo, mesmo este grupo de jogadores, apesar de suas limitações, possui condições, ?como bem colocou Mano Menezes neste domingo, de jogar melhor do que vem jogando.? Essa equação nos conduz a um enigma complexo: ou este grupo de atletas é incapaz de assimilar o modelo de jogo de mais um treinador, ou está pouco disposto a fazê-lo. Em qualquer um dos cenários, o horizonte que se desenha para o clube torna-se ainda mais nebuloso e preocupante.