Grêmio Afunda: Derrota para Mirassol Expõe Fragilidades Táticas e Erros Amadores

A Arena do Grêmio, palco de grandes emoções, testemunhou neste sábado, 13 de setembro, uma tarde de profunda decepção. Diante de 45.724 torcedores, o terceiro maior público do ano, que esperavam a reestreia de Arthur e a continuidade do bom momento após o empate no Maracanã, o Tricolor sucumbiu ao Mirassol por 1 a 0. O que se desenhou foi um cenário de frustração, onde a promessa de recuperação se transformou em um amargo revés, evidenciando fragilidades que transcendem o campo de jogo.

A derrota não foi apenas um tropeço pontual; ela expôs uma série de problemas, culminando em um episódio de desorganização que beirou o inacreditável. O Grêmio , que deveria impor seu favoritismo, cedeu espaço a um adversário que ratificou sua condição de sensação do campeonato, mostrando um futebol mais coeso e eficaz. A única chance real de gol gremista no primeiro tempo contrastou com as quatro oportunidades claras criadas pelos paulistas, uma delas convertida por Alesson, selando o destino da partida.

Desorganização em Campo e à Beira do Gramado

O ápice da ineficiência gremista foi atingido em um momento crucial da partida. O técnico Mano Menezes, em diálogo com seu auxiliar, planejava a entrada de Pavón. Contudo, no momento da substituição, o nome de Alysson foi erroneamente indicado para deixar o campo, quando a intenção era outra. O erro, digno de equipes amadoras, não pôde ser revertido, causando uma confusão visível e expondo uma falha de comunicação e processo que se reflete na performance geral da equipe.

Este incidente lamentável é um sintoma de uma desorganização mais profunda. Enquanto o Grêmio patinava em campo, incapaz de criar jogadas consistentes ou de reagir à vantagem adversária, a falha administrativa na substituição apenas sublinhou a imagem de um clube que, neste momento, carece de clareza e eficiência em suas operações mais básicas. A torcida, que compareceu em peso, viu-se não apenas frustrada com o resultado, mas também com a imagem de um time que erra até mesmo nos detalhes mais elementares.

A Precariedade na Tabela e a Ascensão do Mirassol

Com este resultado adverso, a situação do Grêmio na tabela do Brasileirão torna-se ainda mais delicada. A equipe permanece com 25 pontos, mantendo uma distância de apenas três pontos da zona de rebaixamento. A margem de segurança é mínima, e cada resultado negativo acende um alerta ainda maior sobre a permanência do clube na elite do futebol brasileiro. A pressão sobre o elenco e a comissão técnica atinge um novo patamar.

Em contrapartida, o Mirassol vive um momento de glória. O recém-promovido à Série A, que muitos projetavam como um forte candidato ao rebaixamento, alcança impressionantes 38 pontos, solidificando sua posição na quarta colocação. A equipe paulista, agora na zona de classificação para a Libertadores, demonstra um planejamento e uma execução em campo que servem de contraponto amargo à realidade gremista. Seu sucesso é um "show" de eficiência e superação.

O Roteiro do Confronto: Do Equilíbrio à Desvantagem

O início da partida na Arena até sugeriu um equilíbrio tático, com ambos os times buscando o ataque. O Grêmio tentava impor velocidade, apesar da notável ausência de um centroavante de ofício. O Mirassol, por sua vez, optava por uma abordagem mais cautelosa, priorizando a posse de bola. Aos 27 minutos, o jogo ganhou em intensidade. Após um chute de Marlon defendido por Walter, Cristaldo desperdiçou uma oportunidade crucial, não apenas falhando na finalização, mas também anulando um potencial contra-ataque.

O lance subsequente ilustrou a diferença de ímpeto. O Mirassol orquestrou um contra-ataque fulminante, que só não resultou em gol por uma intervenção milagrosa da defesa gremista. José Aldo finalizou para a defesa do goleiro, e no rebote, o chute de Alesson foi abafado por João Pedro, salvando o que seria um gol certo. A pressão paulista se intensificava, e o gol parecia questão de tempo.

E de fato, a rede balançou para os visitantes. Após uma cobrança de falta de Reinaldo pela direita, João Victor, sem marcação, cabeceou na trave. A bola percorreu a linha do gol, e Alesson, posicionado na trave esquerda, apenas empurrou para o fundo do gol vazio. Inicialmente anulado por impedimento, o VAR confirmou a posição legal do atacante, validando o gol e mergulhando a torcida gremista em desespero. Um lance confuso, com Noriega reclamando de pênalti não marcado em seguida, apenas aumentou a frustração.

Falta de Poder Ofensivo e Clímax da Confusão

A etapa final começou com uma tentativa de mudança na postura gremista, com a entrada de Cristian Olivera, um atacante, no lugar do volante Dodi. No entanto, a alteração não surtiu o efeito desejado. O Grêmio continuou sem o poder de fogo necessário para ameaçar a meta adversária. A saída de Braithwaite, por lesão, para a entrada de André Henrique, visava aumentar a pressão, mas a melhor oportunidade do segundo tempo, até então, foi do Mirassol, com Danielzinho exigindo uma grande defesa de Volpi.

Aos 18 minutos do segundo tempo, a cena mais bizarra da noite se desenrolou. A entrada de Pavón no lugar de Alysson gerou um tumulto. Mano Menezes, visivelmente irritado, protestou veementemente, alegando que o jogador a ser substituído estava incorreto. O equívoco, atribuído ao auxiliar que apresentou a numeração errada, resultou em uma confusão generalizada que se estendeu para além das quatro linhas. A desorganização tática em campo foi espelhada pela falta de coordenação fora dele, culminando na derrota e nos gritos de "time sem vergonha" ecoando pela Arena.

Ficha Técnica: Grêmio 0x1 Mirassol