Grêmio e Arena: Avalanche Pode Voltar? Nova Gestão e Arquibancada Norte

A recente aquisição da gestão da Arena pelo empresário Marcelo Marques, pré-candidato à presidência do Grêmio, abre um novo capítulo na relação do clube com seu estádio. Com a transição de comando, uma das pautas mais fervorosas entre os torcedores retorna ao debate: a possibilidade do retorno da "avalanche" na Arquibancada Norte. Este movimento, icônico para a torcida tricolor, representa não apenas uma forma de celebração, mas um símbolo de identidade que foi suprimido por quase uma década.

Desde a inauguração da Arena, em janeiro de 2013, a prática da "avalanche" foi proibida. O gesto, que consiste em uma corrida coletiva em direção ao parapeito após um gol, popularizado pela Geral do Grêmio no antigo Estádio Olímpico, teve um desfecho infeliz em sua primeira aparição oficial na nova casa. Durante a comemoração de um gol contra a LDU, pela Libertadores, a estrutura de proteção do setor norte, feita de acrílico, cedeu sob a pressão da massa de torcedores. O incidente resultou em oito feridos e na interdição imediata do setor pela Brigada Militar.

Aquele episódio culminou na assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Ministério Público, o Grêmio e a então gestora da Arena. Este acordo impôs a proibição da "avalanche" por questões de segurança e reduziu a capacidade total da Arquibancada Norte para 5 mil lugares. A memória daquele dia ainda ecoa, servindo de alerta para a importância de conciliar a paixão da torcida com a integridade física dos presentes.

A Nova Era na Gestão da Arena e o Sonho da Avalanche

Em coletiva de imprensa realizada recentemente, Marcelo Marques reacendeu a chama da esperança entre os gremistas. O empresário declarou abertamente seu desejo de ver a "avalanche" de volta, embora com a devida prudência. "É um sonho que eu tenho também. Sempre falo disso. Agora que nós estamos por dentro da Arena, junto com o Grêmio , a gente pode avançar um pouco mais nisso, mas sempre respeitando o presidente e o clube. Não é fácil, mas não é impossível. Vamos trabalhar, ver se é viável. Com a Arena sendo do Grêmio , se abrem muitas possibilidades. Antes a gente não tinha gerência sobre isso", afirmou Marques, sinalizando uma nova perspectiva para o tema.

O presidente Alberto Guerra, por sua vez, reforçou a prioridade da segurança, mas reconheceu que a nova configuração de gestão abre espaço para o diálogo sobre o assunto. O advogado Marlon Passos, presente na coletiva, esclareceu que o TAC, embora seja um instrumento legal, não é imutável. "Como um contrato, o TAC pode ser refeito. Claro que envolve muitas questões de segurança, mas não é impossível", pontuou Passos, indicando que a renegociação do termo é uma possibilidade real, desde que as exigências de segurança sejam integralmente atendidas.

Ampliação da Arquibancada Norte: Mais Espaço para a Paixão Tricolor

Além da discussão sobre a "avalanche", a diretoria gremista já estuda medidas para otimizar a capacidade da Arquibancada Norte. Há planos para remover um tablado existente ao fundo do setor, uma área sem cadeiras onde tradicionalmente se posicionam as torcidas organizadas. Este espaço ocioso, localizado atrás da parede que ostenta a frase "A torcida mais fanática do Brasil", poderia gerar até 2 mil lugares adicionais.

Conforme apurações, o referido tablado foi erguido originalmente para dar suporte a um projeto de restaurante com vista para o gramado, uma iniciativa que, contudo, jamais saiu do papel. A potencial remoção dessa estrutura não apenas ampliaria a capacidade do setor, mas também poderia facilitar uma eventual readequação do espaço para comportar a "avalanche", caso o TAC seja revisto e as condições de segurança sejam plenamente garantidas.

É importante recordar que a capacidade da Arquibancada Norte já foi objeto de alteração anteriormente. No final de 2019, o Departamento do Torcedor do Grêmio (DTG) obteve a aprovação de um novo Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndio (PPCI) e conseguiu a modificação de uma norma técnica estadual, elevando a capacidade do setor de 5 mil para até 8 mil lugares. Este precedente demonstra a maleabilidade de certas regulamentações quando há um esforço conjunto e um foco em soluções técnicas.

A gestão da Arena sob o comando do Grêmio promete ser um período de reavaliações e, possivelmente, de resgate de tradições. O desafio será harmonizar a paixão incondicional da torcida com a imperativa necessidade de segurança, garantindo que a Arena continue sendo um caldeirão de emoções, mas acima de tudo, um ambiente seguro para todos.