Grêmio: STJD Mantém Perda de Mando de Campo Após Gre-Nal Turbulento

A atmosfera de um clássico Gre-Nal, por vezes, transcende a paixão e descamba para incidentes lamentáveis. Foi precisamente o que ocorreu em 8 de março, durante o segundo confronto da final do Campeonato Gaúcho, quando o árbitro Ramon Abatti Abel, em sua súmula, registrou com precisão os eventos que culminariam em sérias sanções ao Grêmio.

Conforme o relato oficial, a torcida tricolor, notadamente do setor da Geral, protagonizou cenas de arremesso de objetos em direção ao gramado. Após o primeiro gol adversário, "arremessaram várias bobinas de papel em direção ao campo de jogo". A situação escalou aos 25 minutos do primeiro tempo, quando, "após o segundo gol da equipe do S.C. Internacional, arremessaram uma bomba, próximo ao assistente 02, vinda da torcida do Grêmio . que estourou dentro do campo de jogo. Porém, não atingiu ninguém."

Os incidentes não pararam por aí. O relatório prossegue, detalhando que "aos 43 minutos do primeiro tempo, enquanto os jogadores da equipe S.C. Internacional estavam no aquecimento, o jogador nº 19, Sr.: Rafael Santos Borre Maury, foi atingido por um rolo de bobina no rosto. Tal objeto veio do setor de torcedores da geral do Grêmio . Houve uma paralisação do jogo por dois minutos e, após a chegada do policiamento no local, ocorreu o reinício do embate." E, nos acréscimos da etapa final, "um torcedor arremessou uma garrafa de Pepsicola em direção ao campo de jogo. Tal arremesso foi feito do setor da torcida organizada geral e não atingiu nenhum jogador no campo de jogo".

As Graves Infrações na Arena e o Relato Arbitral

As ações imprudentes da torcida gremista não tardaram a gerar repercussões jurídicas. Inicialmente, a Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD/RS) impôs ao Imortal uma penalidade de R$ 10 mil em multa, acompanhada da perda de dois mandos de campo, uma sanção considerada severa à época.

Contudo, o departamento jurídico do Grêmio não se resignou, apresentando um recurso junto ao Pleno do próprio TJD/RS. A estratégia obteve êxito parcial, resultando na aceitação da solicitação do clube e na anulação das penalidades de perda de mando de campo, concedendo um alívio momentâneo à instituição. Entretanto, a Procuradoria, insatisfeita com a revisão, solicitou que o Tribunal reavaliasse a sentença, mantendo o caso em aberto e a incerteza sobre o desfecho.

O Caminho Jurídico: Da Punição Inicial ao Recurso Gremista

A saga jurídica do Grêmio , entretanto, encontrou seu ponto final no Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Nesta última sexta-feira, o veredito foi proferido, confirmando uma sanção ao clube gaúcho: a perda de um mando de campo, somada a uma multa pecuniária de R$ 10 mil pelos lamentáveis incidentes ocorridos na Arena.

A decisão do STJD ponderou a gravidade dos atos, distinguindo as infrações. Enquanto o lançamento de bobinas de papel não acarretou sanções mais rigorosas em termos de mando, o arremesso de uma bomba, um objeto de potencial perigo, foi o fator preponderante para a imposição da perda do mando de campo. Este tipo de conduta é veementemente coibido pelos regulamentos desportivos, visando a segurança e a integridade de todos os envolvidos no espetáculo.

STJD Bate o Martelo: As Consequências Finais para o Tricolor

Com a determinação do STJD, o Grêmio será compelido a disputar uma de suas partidas como mandante fora de sua Arena. Ainda paira a indefinição sobre qual competição abrigará o cumprimento dessa penalidade. As opções em análise são o primeiro compromisso em seus domínios na edição de 2026 do Campeonato Gaúcho ou, alternativamente, a Copa da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), torneio que tem previsão de início em setembro deste ano.

Este desdobramento serve como um lembrete contundente da responsabilidade dos clubes e de suas torcidas. A paixão pelo futebol, por mais intensa que seja, não pode justificar atos de violência ou desrespeito às regras. O Grêmio , agora, arca com as consequências de ações isoladas, mas que impactam a imagem e o planejamento da instituição. Resta ao clube gerir essa nova realidade e garantir que episódios como esses não se repitam, zelando pela integridade do esporte e pela segurança de todos os presentes nos estádios.