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Mano Menezes e o Grêmio: Incertezas Contratuais e a Visão do Treinador sobre Continuidade
Por Redação Sou Imortal em 03/12/2025 01:12
O ambiente no Grêmio pós-derrota para o Fluminense, por 2 a 1, na última terça-feira (2), na Arena, pela penúltima rodada do Campeonato Brasileiro, não se limitou à análise do resultado em campo. Em meio à coletiva de imprensa, o foco se deslocou para a permanência de Mano Menezes no comando técnico, um tema que o próprio treinador tratou com uma dose de pragmatismo e reflexão. Contratado em abril como sucessor de Gustavo Quinteros, seu vínculo atual se estende até o encerramento de 2025.
Questionado sobre a continuidade de seu trabalho, especialmente em relação a um eventual contrato para 2026, Mano Menezes foi categórico ao transferir a responsabilidade da decisão para a cúpula diretiva do clube. Ele sinalizou que a iniciativa para qualquer diálogo sobre o tema deve partir da gestão.
"Isso não vai partir do treinador, vai partir da direção do clube. Se eles entenderem que devem conversar comigo antes do último jogo, eles podem, eles sabem que podem. Se entenderem que não devem conversar, eles vão seguir a vida", declarou o técnico, antes de reiterar seu compromisso imediato: "O que eu vou fazer é trabalhar para o último jogo da temporada, contra o Sport, entregar o melhor que eu entendo que podemos entregar."
A Perspectiva da Continuidade no Futebol Brasileiro
Apesar da postura de aguardar um movimento da diretoria, Mano Menezes não hesitou em expressar sua convicção sobre o valor da continuidade no futebol, uma filosofia que ele defende como crucial para o desenvolvimento de qualquer projeto esportivo. Para o treinador, a estabilidade é um fator de progresso, benéfico tanto para a comissão técnica quanto para a instituição.
Ele argumenta que a experiência acumulada na fase inicial de um trabalho é um alicerce fundamental para a evolução futura. Essa tese, segundo Menezes, não é uma defesa pessoal de sua gestão, mas uma crítica à volátil cultura do futebol brasileiro, onde a troca constante de comandos técnicos impede a construção de equipes sólidas e aprimoradas.
"Eu acho sempre bom a continuidade do trabalho, é bom para ambos. O que passamos nessa primeira parte de trabalho é muito revelador e tem um valor grande pra você evoluir. Eu falo isso faz tempo, não é para defender o meu trabalho. Tem pessoas para avaliar meu trabalho. Mas esse eu vejo que é um grande problema que nós atravessamos no futebol brasileiro como um todo", pontuou o técnico, com um tom de observador crítico do cenário nacional.
O Desafio da Estabilidade e o Histórico de Sucesso
Menezes aprofundou sua análise sobre a dificuldade em estabelecer projetos de longo prazo no país, questionando a eficácia de um sistema que frequentemente reinicia ciclos. Ele descreveu um panorama onde a montagem de elencos se torna um exercício perpétuo, sem a devida consolidação.
"Quem é que consegue dar continuidade de trabalho pra você chegar no final da temporada e dizer 'cinco, seis jogadores, vamos deixar seguir a vida, e vamos trazer jogadores que vão se adequar com aqueles que vão permanecer aqui'. E isso você começa a apresentar evolução de trabalho. Se não você fica dando voltas, vem o próximo, com outra ideia, traz seus jogadores, e começa do zero. Nós sempre estamos em outubro fazendo equipes. Quantas equipes você olha hoje no futebol brasileiro e diz 'essa aqui está montada, está pronta'. São poucas. É péssimo até pra vocês avaliarem o trabalho. Acho que isso que a gente precisa melhorar", refletiu Mano, evidenciando a complexidade do desafio.Para ilustrar a validade de sua tese, o treinador rememorou sua última passagem por Porto Alegre, em 2022, quando assumiu o Internacional em abril com o objetivo de evitar o rebaixamento. Sob sua liderança, o time alcançou o vice-campeonato brasileiro, registrando a maior pontuação da história do clube na era dos pontos corridos da Série A. Apesar de reconhecer que houve quem criticasse o desfecho da campanha, ele enfatizou o resultado objetivo.
A Confiança da Direção e os Próximos Passos
Mano Menezes fez questão de ressaltar o apoio recebido da diretoria gremista em momentos de adversidade. Ele relembrou um período de grande pressão, especialmente após uma derrota para o Sport, quando, segundo ele, sua saída era uma possibilidade real e mais cômoda para o presidente. A manutenção de seu trabalho, nesse contexto, foi um voto de confiança que ele elogiou.
"A última vez que eu estive em Porto Alegre, também cheguei em abril, pra não cair, e o time terminou com o vice-campeonato, com a maior pontuação que o clube já teve na Série A de pontos corridos. E teve gente que falou que foi ruim, porque o finalzinho foi ruim. Agora também chegamos em dificuldade, em momento bastante difícil e alguém vai dizer que é ruim. Eu tenho que elogiar muito a direção do Grêmio. Em um momento mais difícil, quando perdemos pro Sport, vocês sabem que era pra eu ter saído e que era mais fácil pro presidente ter me tirado. Poderíamos ter tomado o rumo que outros estão nesse momento, que é muito mais difícil. O nosso está maravilhoso? Não está, mas conseguimos vislumbrar coisas mais pra frente", finalizou o técnico, apontando para uma visão de futuro, ainda que o presente não seja ideal.Com o encerramento da temporada se aproximando, o Grêmio se prepara para seu último compromisso no Brasileirão. A equipe enfrentará o Sport no próximo domingo (7), na Ilha do Retiro, às 16h (horário de Brasília), em uma partida que marca a despedida do campeonato para o tricolor gaúcho.
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