Renato Gaúcho Retorna a La Fortaleza: Palco de Triunfo e Controvérsia em 2017

A atual jornada do Fluminense e de seu renomado técnico, Renato Gaúcho, na Conmebol Sul-Americana, carrega um peso significativo. Ambos perseguem um título continental que ainda lhes escapa no currículo. Contudo, o confronto agendado com o Lanús, nesta terça-feira, transcende a mera disputa esportiva; ele evoca um passado carregado de emoções e controvérsias para o treinador. É o reencontro com "La Fortaleza", o palco de sua consagração como comandante na América do Sul e, ao mesmo tempo, o berço de uma figura que se tornou persona non grata para a torcida argentina.

A relevância de La Fortaleza na trajetória de Renato Gaúcho como estrategista é inegável. Se sua genialidade como atleta nunca esteve em xeque, sua posição como um técnico de ponta aguardava a coroação máxima: a conquista da Conmebol Libertadores. Esse feito se concretizou em 29 de novembro de 2017, quando seu Grêmio superou o Lanús por 2 a 1 em solo argentino, assegurando o tricampeonato da América.

No entanto, a saga daquela final da Libertadores de 2017 extrapolou a simples disputa em campo. Renato Gaúcho emergiu como o epicentro de uma animosidade crescente com o clube argentino, tornando-se alvo direto de críticas ácidas, inclusive do então presidente do Lanús, Nicolás Russo. Após o triunfo gremista por 1 a 0 no jogo de ida, Russo rotulou o técnico como um "cirqueiro" ? uma referência à sua predileção por "armar circos". A resposta de Portaluppi não tardou e foi igualmente incisiva: ele declarou que "até o cantor Stevie Wonder, que é cego, teria marcado um pênalti a favor do Grêmio ."

O Legado de uma Rivalidade: Táticas e Controvérsias

Antes mesmo do embate decisivo de volta, uma nova polêmica veio à tona. Naquela época, uma reportagem da ESPN revelou que o Grêmio teria contratado os serviços de um observador terceirizado para monitorar as atividades do Lanús. Um dos recursos empregados por esse profissional seria a captação de imagens com o auxílio de um drone. A informação rapidamente repercutiu na imprensa argentina, gerando novas e intensas críticas direcionadas ao treinador, que, oficialmente, não estava diretamente envolvido na questão da contratação.

A agremiação argentina manifestou seu desconforto e chegou a cogitar uma reclamação formal à Conmebol e ao próprio Renato Gaúcho, mas a iniciativa não prosperou. Questionado sobre o incidente, Renato proferiu uma nova declaração controversa ao afirmar que "o mundo era dos espertos", embora tenha se retratado posteriormente. Com a bola rolando no gramado de La Fortaleza, o treinador foi recebido por uma enxurrada de vaias por parte da torcida local, evidenciando a atmosfera de rivalidade e desaprovação.

A Cicatriz Institucional no Lanús Pós-Libertadores

A derrota na final da Libertadores, somada a tantos atritos e problemas extracampo, desencadeou uma profunda instabilidade institucional no Lanús. Nicolás Russo, que antes gozava de grande prestígio no futebol argentino e era querido pelos torcedores, passou a ser publicamente cobrado tanto pelo desempenho esportivo quanto pelas controvérsias que cercaram a decisão. Ele acabaria deixando o cargo anos mais tarde, mas a gestão turbulenta de seu sucessor, Luis Chebel, o levou de volta à presidência este ano, um retorno que sublinha as marcas duradouras daquele confronto.