Grêmio aposta em experiência: Entenda a reconfiguração do elenco tricolor

O Grêmio tem demonstrado uma guinada estratégica notável em sua política de contratações, afastando-se de uma prospecção focada primariamente na juventude e no potencial de revenda. A janela de transferências atual evidencia um movimento deliberado para injetar experiência e solidificar a liderança dentro do elenco, visando a construção de um vestiário mais "cascudo", termo que denota maturidade e resiliência.

Essa reorientação é um reflexo de um diagnóstico interno, que apontava para uma carência de referências. Conforme externou o técnico Mano Menezes, a chegada de nomes com bagagem é crucial. O treinador, inclusive, já havia sublinhado a importância de figuras como Fabián Balbuena para o grupo.

(Balbuena) É um jogador que tem e alia essa capacidade técnica da função, espírito de liderança, que penso que precisamos agregar também. Essas referências ajudam muito numa equipe, passa a ter nome e sobrenome. Essas coisas influenciam até na maneira, às vezes, como a arbitragem se porta diante dos teus jogadores.

A Nova Safra de Lideranças no Vestiário Tricolor

Os mais recentes acréscimos ao plantel ? Marcos Rocha, Carlos Vinícius e Fabián Balbuena ? chegam com o claro propósito de ampliar o poder de liderança. Eles se somam a nomes já estabelecidos como Kannemann, Braithwaite e Edenilson, formando um arcabouço de vozes ativas, essenciais para a mobilização do time em busca de uma recuperação na temporada.

Marcos Rocha, lateral-direito de 36 anos, apresentado recentemente, é um exemplo emblemático dessa nova filosofia. Ao se tornar o jogador mais experiente do elenco , superando Edenilson (35), Braithwaite (34) e Kannemann (34), ele traz consigo uma bagagem valiosa. Sua postura é de quem entende o peso da idade não como um fardo, mas como um ativo, afirmando categoricamente que "A idade não pesa".

O jogador detalhou sua metodologia de contribuição, que vai além das quatro linhas. No cotidiano do clube, Marcos Rocha já se dedica a orientar os mais jovens, como Riquelme e Alysson, que atuam em seu setor. Ele compartilha um modelo de sucesso vivenciado em seu clube anterior:

No dia a dia, já venho conversando com o Riquelme, com o Alysson, que são jogadores mais novos, que provavelmente devem atuar um pouco mais pelo meu lado. Eu falo que eu peguei três gerações dentro do Palmeiras, onde a gente conseguiu vender vários jogadores e foi através disso, tendo uma base forte que aguentasse as pancadas para que esses meninos pudessem ter tranquilidade para apresentar seu futebol.

A Influência dos Veteranos em Campo e Fora Dele

A presença de líderes é sentida não apenas em declarações, mas em momentos cruciais de jogo. Cuéllar, mesmo após um período afastado por lesões musculares, mantém seu status de figura respeitada no grupo. Sua influência se manifestou em uma partida contra o Atlético-MG, quando cobrou Alysson por uma falha tática. Carlos Vinícius, com a experiência de oito temporadas na Europa, prontamente interveio para acalmar o jovem, demonstrando a sinergia e o suporte mútuo que se busca no vestiário.

A mudança de perfil nas contratações do Grêmio é ainda mais evidente ao comparar o período atual com o mesmo do ano anterior. Em julho de 2024, o foco recaía sobre jovens promessas como Aravena, Arezo e Monsalve, todos na faixa dos 21 e 22 anos, com um claro objetivo de futura revenda. A exceção à regra era Braithwaite, então com 34 anos. Em 2025, o ponto fora da curva, Erick Noriega, de 23 anos, é mais a exceção que a regra.

A tabela a seguir ilustra a diferença de abordagem nas aquisições:

Essa inclinação por nomes com maior bagagem não é um fenômeno isolado no clube este ano. Em abril, após a saída do técnico Gustavo Quinteros, a direção já havia sinalizado essa busca por identificação e experiência ao trazer Mano Menezes para o comando técnico. Poucos dias depois, Luiz Felipe Scolari, o Felipão, foi anunciado como coordenador técnico, oferecendo suporte tanto à comissão principal quanto às categorias de base. Tais movimentos reforçam uma visão mais ampla da gestão, que parece reconhecer a imperatividade de um arcabouço sólido de experiência para sustentar os desafios da temporada.