Grêmio: Marques Desiste da Presidência, Entenda o Motivo e o Futuro da Arena

O cenário político do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense sofreu uma significativa alteração com o anúncio de Marcelo Marques, empresário e figura central na recente aquisição da gestão da Arena, de que não prosseguirá com sua pré-candidatura à presidência do clube. A notícia, que surpreendeu muitos observadores, foi veiculada pelo próprio Marques na tarde de quarta-feira, durante participação no programa Sala de Redação, da Rádio Gaúcha.

Marques, que era considerado um dos postulantes mais fortes e com grande favoritismo para o pleito vindouro, justificou sua retirada baseando-se na incompatibilidade com o ambiente político intrínseco ao clube. Além disso, destacou o peso de suas responsabilidades empresariais, especialmente à frente da Marquespan e os compromissos vinculados ao estádio, como fatores determinantes para sua reconsideração.

Essa semana entrou a política. Ela existe, sempre vai existir, nos trouxe até aqui. A gente ama o Grêmio desse jeito. Por todo esse peso e mais essa questão política, eu não vou me adaptar à política. Não serei candidato. É uma decisão irreversível.

O Peso da Arena e a Aversão à Política Gremista

A decisão de Marques revela a complexidade de conciliar grandes investimentos e gestão empresarial com a dinâmica particular da política clubística. Em suas declarações, o empresário detalhou a sobrecarga que sentia ao acumular diferentes esferas de responsabilidade, desde a gestão de sua empresa até a saúde pessoal, passando pela atenção a milhares de colaboradores.

Eu fui só colocando o mundo sobre meus ombros. Eu tenho minha empresa, minha família, minha saúde, mais de 6 mil colaboradores para cuidar. Estamos montando uma fábrica nova lá em São Paulo, que muitos avais finais são comigo. Eu sabia disso quando entrei no Grêmio. Aí foi indo, entramos na política, pegamos a gestão da Arena. Será que o Marcelo contrata? Perdemos? Será que o Marcelo investe? E eu quieto porque não queria atrapalhar o Grêmio. Fiquei pensando, será que eu tenho que ser presidente mesmo? Será que o certo não é eu ficar ajudando o Grêmio como o (empresário) Celso Rigo?

A menção a Celso Rigo, conhecido por seu apoio financeiro sem envolvimento direto na gestão política, sublinha a preferência de Marques por um papel de benfeitor em detrimento da cadeira presidencial. Esse posicionamento sugere uma visão particular sobre o melhor modo de contribuir com o Grêmio , evitando os embates e as nuances do processo eleitoral.

Marcelo Marques havia se consolidado como o principal nome na disputa pela presidência do Grêmio após a aquisição da gestão da Arena em julho, um investimento pessoal de R$ 145 milhões. Sua entrada na corrida eleitoral era vista como um divisor de águas, dada a sua capacidade financeira e o controle sobre o principal ativo patrimonial do clube.

Reconfiguração do Pleito: O Cenário Pós-Marques

A desistência de Marques ocorre em um momento crucial do calendário eleitoral do Grêmio . As inscrições para as chapas do Conselho Deliberativo foram abertas na última segunda-feira, marcando o início formal do processo que culminará na eleição presidencial, agendada para novembro.

A saída de um candidato com tal projeção naturalmente reconfigura o tabuleiro político. Anteriormente, Paulo Caleffi também havia se retirado da disputa. Agora, outros pré-candidatos, como Gladimir Chiele e Denis Abrahão, indicaram que reavaliarão suas posturas após a formação do Conselho Deliberativo, enquanto Sérgio Canozzi mantém sua intenção de concorrer.

É importante recordar que, em um momento anterior, Marcelo Marques havia afirmado sobre a Arena que "Vai ser doado 100%, vai passar para o Grêmio ". Esta declaração, feita no contexto de sua então crescente influência, agora paira como um compromisso a ser observado, independentemente de sua participação na política ativa do clube.